Banque a própria aposentadoria

04/03/2022

Com disciplina e planejamento é possível acumular recursos suficientes para manter um padrão de vida de qualidade após deixar o mercado de trabalho


Com disciplina e planejamento é possível acumular recursos suficientes para manter um padrão de vida de qualidade após deixar o mercado de trabalhoA manutenção da qualidade de vida após a aposentadoria não é tarefa fácil para a grande maioria dos brasileiros, mas planejamento e disciplina podem mudar esta situação.Uma recomendação para viabilizar o projeto é juntar até o momento da aposentadoria quantia que possa render mensalmente o equivalente a uma vez e meia ou duas vezes a receita atual, segundo Reinaldo Domingos, diretor do Instituto Disop de Educação Financeira.Ele sugere o aumento da renda após a saída do mercado de trabalho porque considera o suficiente para bancar despesas e ainda manter o orçamento ‘folgado’.De acordo com cálculos realizados por Domingos a pedido do Jornal da Tarde, uma pessoa que pretenda se aposentar aos 60 anos e atualmente tem renda mensal de R$ 3 mil (R$ 36 mil ao ano) terá de acumular R$ 648 mil até a data da aposentadoria. Conforme os cálculos de Domingos, este montante, aplicado a uma taxa próxima de 0,86% ao mês, renderá mensalmente algo em torno de R$ 5.570, quase duas vezes a renda atual (veja quadro).Uma pessoa com 30 anos, que comece poupando R$ 250 por mês, aos 60 anos terá acumulado um valor ainda maior: exatamente R$ 668.434,43. A conta considera uma taxa de juros de 0,7% ao mês, algo próximo do rendimento da caderneta de poupança, e uma inflação de 5% ao ano, que deve ser usada para corrigir anualmente o valor dos depósitos mensais. Aplicado a uma taxa mensal próxima de 0,86% ao mês, o montante significará uma renda mensal de pouco mais de R$ 5,7 mil.Segundo Domingos, quanto antes o futuro aposentado iniciar a poupança menos terá de guardar mensalmente e maior será a reserva final. Ele alerta que disciplina e regularidade são essenciais para sucesso do projeto.O consultor observa, no entanto, que se houver alguma mudança drástica na vida da pessoa, como perda de emprego, o planejamento financeiro deve ser refeito e é preciso eliminar despesas.Valdeli Azevedo, consultora de finanças práticas da Visa no Brasil, reconhece que o planejamento a longo prazo é uma empreitada difícil, mas necessária. Ela reputa como fundamental que a definição da data para aposentadoria deve acontecer com a maior antecedência possível. “Só assim a pessoa terá como se planejar”, afirma.Em seguida, afirma a consultora, é preciso definir o padrão de gastos. Ela lembra que ao se aposentar, por volta de 60 anos ou 65 anos, a pessoa terá um padrão de gastos diferente do atual. “Não haverá despesas com a educação dos filhos, por exemplo, mas terá desembolsos maiores com planos de saúde e medicamentos”, afirma a consultora.Valdeli Azevedo recomenda que a poupança seja iniciada com ao menos 10% da renda e o porcentual seja elevado conforme aumentem as receitas ou haja cortes nas despesas.Na opinião de Marcos Crivelaro, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), um trabalhador que tenha uma única fonte de renda e poucas despesas pode estabelecer um porcentual mensal fixo da renda e guardá-lo mensalmente. Já uma família onde mulher e marido trabalham e também têm gastos com filhos, por exemplo, como escola ou plano de saúde, deve realizar planejamento de longo prazo, para seis meses ou um ano, a fim de estabelecer metas de poupança para acumular valores.“Neste caso cada compra de bens de maior volume, como automóvel ou imóvel, deve ser precedida de um plano financeiro que permita o desembolso”, afirma Crivelaro.O analista de negócios Christian McCardell, de 30 anos, afirma que guarda dinheiro com vistas à aposentadoria desde os 16 anos, quando iniciou sua vida profissional. “Comecei a poupar porque queria comprar minhas coisas, mas tinha de fazê-lo com meu próprio dinheiro”, conta.McCardell diz que passou a investir de forma diversificada aos 21 anos. Sua preferência são por títulos públicos, poupança e, mais recentemente, a Bolsa. “Eu e minha esposa guardamos, mensalmente, 25% do que recebemos”, afirma.O analista conta que, no início de cada ano, estipula uma meta de poupança e procura cumpri-la à risca. Ele observa que mesmo ao receber eventuais aumentos, preocupa-se primeiro com o incremento da poupança e só depois pensa em novas possibilidades de gasto. “Não passo vontade, mas se saio do meu parâmetro de gastos em determinado mês, compenso no seguinte com uma poupança equivalente”, diz.McCardell diz que seu objetivo é, dentro de 15 anos, ter condições de escolher em que e onde trabalhar.

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