Colégio Stocco investe na Metodologia DSOP pensando no futuro

04/03/2022

Fazer uma viagem para a Disney ou Paris e até mesmo comprar uma mansão, ou simplesmente ter um celular, um patins, um iPad ou um laptop, estes são alguns dos sonhos de crianças entre 9 e 10 anos do Colégio Stocco, localizado na cidade de Santo André/ SP. Muitas destas aspirações vão além do que […]


Fazer uma viagem para a Disney ou Paris e até mesmo comprar uma mansão, ou simplesmente ter um celular, um patins, um iPad ou um laptop, estes são alguns dos sonhos de crianças entre 9 e 10 anos do Colégio Stocco, localizado na cidade de Santo André/ SP. Muitas destas aspirações vão além do que uma criança pode chegar a conquistar com essa idade, e ao pensar nesse futuro, foi que a escola decidiu investir na Metodologia DSOP de Educação Financeira.No início de 2009, à procura de um novo livro para utilizar em um projeto pedagógico, Ruth Lopes Andriolo e Gisele Gonçalves, professoras do 4º ano, se depararam com o título O Menino do Dinheiro, de Reinaldo Domingos.“Quando vi o livro me encantei com as ilustrações e com o assunto. Fui criada como na história, da mesma maneira que O Menino do Dinheiro e me identifiquei com a forma como eu fui ensinada pelos meus pais, em uma geração que não era consumista”, relata a professora Ruth. Ela explica que tanto ela, quanto a professora Gisele, buscavam abordar junto aos alunos o consumo consciente.O projetoApós a escolha do livro, as professoras elaboraram um projeto sobre Educação Financeira e implantaram para os alunos do 4º ano. Foram abordados assuntos sobre as saúdes física, mental, emocional, social e, principalmente, financeira, o surgimento do dinheiro, as moedas que circularam no Brasil e até o meio ambiente (em referência aos animais em extinção estampados nas cédulas do real).Foi aí que O Menino do Dinheiro entrou em questão. Ruth e Gisele fizeram um levantamento de hipóteses com os alunos: “Quem era o personagem?”, “O que ele fazia?”. As crianças fizeram suas considerações e, a cada aula, desenvolviam a história com a leitura do livro. Em paralelo, foram trabalhados temas como: previdência, poupança e mesada.Durante o projeto, as crianças foram convidadas a pouparem uma quantia que estivesse ao seu alcance para realizarem algum sonho sob o título: “Esbanje sabedoria e economize dinheiro todo dia”. Ao final, a convite da escola, Domingos foi chamado para testemunhar a realização do sonho dos alunos e responder dúvidas sobre a história do livro e Educação Financeira.“Todas as crianças que conseguiram realizar o sonho receberam um diploma de ‘Pequeno Poupador’. O Reinaldo, após responder a todas as perguntas, pediu a eles para repassarem todo o conhecimento adquirido a dez pessoas que mais que gostassem”, conta Gisele. “Ser bem-sucedido não significa ganhar bem, mas ajustar sua vida financeira ao quanto se ganha e priorizar seus sonhos”, lembra Ruth sobre o último depoimento de Domingos.A implementação da Metodologia DSOPApós dois anos de realização do projeto, o Colégio Stocco decidiu implementar a Metodologia DSOP, iniciada em fevereiro de 2011. Desta vez, a professora responsável pelas aulas de Educação Financeira é a orientadora educacional, Lucienne Baroni. As aulas são ministradas do 2º ao 4º ano de forma curricular e do 5º ao 7º, como extracurriculares.“A falta de Educação Financeira é algo muito preocupante para nós, pois o Brasil está entre os países que mais se endividam no mundo. Ao começar a trabalhar com o assunto, também cheguei a mudar algumas rotinas, consegui poupar e comprar um sofá que há muito tempo eu queria. Como dizem: ‘Quem guarda sempre tem”, lembra a orientadora.Em 2011 os alunos foram convidados por Lucienne a juntar dinheiro em um porquinho único para a turma. A cada aula quinzenal, cada aluno depositava R$ 1. Passados seis meses de contribuição (de maio a novembro), cada criança tinha colaborado com R$ 12. A classe toda se juntou e foi ao cinema assistir ao filme O Palhaço. “Um sonho coletivo pode ser realizado”, rememora.Os frutosViajar para a Disney, este é um sonho comum entre muitas crianças da mesma faixa etária de Sabrina Benvenuto Taiany, de 10 anos. A aluna do 5º ano afirma já saber quando poderá realizá-lo, será seu presente de debutante. “Meu pai me explicou que quando eu chegar aos 15, meu inglês estará bem melhor”, justifica.Sabrina confessa ter uma economia que ultrapassa os R$ 100, e mantém a quantia guardada com a avó, mas não conta aos pais. Ela diz ter conseguido poupar esse valor porque aprendeu a poupar e a gastar com o necessário. “Antes, eu sempre comprava batons e anéis, agora não preciso mais disso. Todo o dinheiro que ganho, sempre guardo um pouquinho”, ressalta.A advogada, Lélia Benvenuto, mãe da Sabrina, atesta as mudanças comportamentais da filha e afirma serem significativas no dia a dia. “Quando planejamos comprar algo, ela muitas vezes me surpreende ao questionar: ‘Está mais barato nesta loja?, Sai mais em conta pagar à vista?, Se parcelar não têm juros?”, relembra orgulhosa.Para Lélia, a sociedade está desestruturada em vários e diferentes aspectos, e a parte financeira integra esse âmbito. “Tanto eu, quanto o pai da Sabrina viemos de famílias simples, passamos por dificuldades e aprendemos que a conquista do que almejamos depende de muito esforço. Tentamos passar isso aos filhos, porém, atualmente, esta não é uma tarefa fácil, uma vez que a mídia atua de forma massacrante, diferente da época em que éramos crianças e construíamos os nossos brinquedos”, esclarece.“Eu não sabia controlar meu dinheiro. Sempre que via algo legal, pedia ao meu pai. Mas a professora Ruth ensinou a mim e aos meus colegas que a gente precisa refletir antes de comprar qualquer coisa”, explica Beatriz Sacco Gomes Agostinho, de 10 anos, também estudante do 5º ano. Ela sonha em montar seu próprio ateliê para ensinar pintura. Para realizá-lo, ela diz que passou a gastar apenas com o necessário e a poupar parte da mesada que recebe.Em casa, Beatriz sempre pergunta se alguém está endividado e dá algumas dicas para mudar a situação. Ela conta que o pai era muito consumista e, após seus conselhos, passou a gastar menos e começou a poupar. “Na cantina, ele fez uma ‘continha’ para mim, mas eu só compro em casos de emergência”, ilustra.Como Beatriz, o aluno do 5º ano, Rafael Reis Scalese, de 10 anos, também pensa nas emergências. Ele ganha R$ 10 por semanada e conta com três cofres para dividi-la: um, para as moedas, outro para os imprevistos e o último para seus gastos habituais. O menino se lembra do primeiro sonho realizado com o próprio esforço, um jogo de videogame para Wii: Mario Strikes Charged, conquistado com economias de três meses.Para os empresários, Talita Paiares Garcia e José Clemente Garcia, pais de Tainá e Gabriel Garcia Paiares, 8 e 10 anos, respectivamente, o mundo tem se tornado cada vez mais consumista dia após dia, e com isso, a sociedade passou a acreditar ser preciso ter sempre o melhor.“Nessa corrida pelo consumismo, esquecemos o nosso próprio sonho e o caminho para concretizá-lo. Quando percebemos, já estamos muito longe de nosso próprio desejo e muitas vezes, desistimos”, justifica a empresária. Os pais de Tainá e Gabriel, ao perguntarem aos filhos o que a aula de Educação Financeira representava para eles, ouviram a palavra “poupar”.“De um modo simples, eles aprendem em proporções complexas, quando, de repente, uma criança de 8 anos começa a falar sobre investimento”, recorda Clemente Garcia. Para a família, as aulas de Educação Financeira atuam como uma semente que projeta e molda o futuro de uma sociedade mais consciente e feliz.Por Isabela Meleiro/ DSOP

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