Crianças: educação financeira é presente para a vida inteira

04/03/2022

O Dia das Crianças está chegando e o clima de empolgação por presentes pode ser uma oportunidade para os pais ensinarem aos filhos noções de boas práticas financeiras.Claro que isso não significa dizer às crianças que o preço do presente é alto, e nem de iniciar um discurso cheio de palavras difíceis, como juros e […]


O Dia das Crianças está chegando e o clima de empolgação por presentes pode ser uma oportunidade para os pais ensinarem aos filhos noções de boas práticas financeiras.Claro que isso não significa dizer às crianças que o preço do presente é alto, e nem de iniciar um discurso cheio de palavras difíceis, como juros e orçamento. Especialistas em educação financeira sugerem que, além do tradicional presente, os pais aproveitem a data para dar cofrinhos e livros de literatura infantil que abordem finanças.Juntos, os mimos extras podem despertar na criança o desejo de poupar para realizar seus outros tantos sonhos de consumo. “A melhor oportunidade de fazer isso é no Dia das Crianças porque o assunto surgirá naturalmente. Não adianta dar livros e cofrinhos isoladamente. O ideal é entregá-los junto com o presente. Os pais podem dizer à criança que o livro e o cofrinho serão úteis para que ela consiga novos presentes no futuro”, diz Reinaldo Domingos, educador financeiro e presidente da DSOP Educação Financeira e Editora DSOP.No entanto, é preciso cautela para tratar desse assunto com os pequenos. “Cuidado para não dar só livro e cofrinho. Criança quer presente”, lembra Domingos. Afinal, é preciso conduzir o tema da importância de poupar de forma lúdica. É necessário ser sutil para não defender a avareza e explicar que o ato de poupar é um caminho para a realização de desejos. “Desde cedo é preciso poupar com objetivos definidos. Por isso, defendo que as crianças tenham três cofrinhos: um pequeno para objetivos de curto prazo, um maior para os de médio prazo e um grande para os de longo prazo”, ressalta o educador.Dinheiro é um assunto para ser tratado de forma oportuna e leve, aproveitando as atividades, assuntos e momentos da criança. “O ideal é falar sobre dinheiro na hora em que a criança está interessada nele. E a data comemorativa é um grande gancho”, lembra Álvaro Modernell especialista e sócio-fundador da Mais Ativos Educação Financeira.Segundo ele, dinheiro é um assunto chato para crianças e, por isso mesmo, a abordagem dos adultos deve ser natural. “Não dá para falar para uma criança o quanto é importante ter a casa própria se ela só consegue pensar na casa de boneca”, disse Modernell durante palestra no 1º Congresso Nacional de Educação Financeira nas Escolas (Conefe), no mês passado.O melhor momento, a linguagem adequada e o respeito aos interesses das crianças são as dicas do especialista para iniciar uma boa conversa. Uma sugestão de Modernell, que também é autor de livros infantis, é a utilização da literatura para abordar as noções de finanças. Para as crianças que não sabem ler, mas que já têm desejos, os pais podem contar estórias. “Há muita literatura que pode ser aproveitada para entrar no assunto e muitos desses livros não são novos. Exemplos estão nas Fábulas de Esopo. A Cigarra e a Formiga ensina a poupar e A Galinha dos Ovos de Ouro mostra que é importante evitar a ganância”, diz.Modernell lembra que há uma infinidade de livros infantis. “Embora seja autor de muitos deles, apoio a diversidade literária. Exemplos de clássicos para crianças que já leem são obras de Ruth Rocha e Cora Coralina”, diz.O livro Como se Fosse Dinheiro (Editora Salamandra), da autora Ruth Rocha, conta as aventuras do menino Catapimba e de como ele aprende a diferença entre o troco em moeda e em bala.Já a obra A menina, o cofrinho e a vovó (Editora Global), da escritora Cora Coralina, conta a história de uma avó que precisa comprar uma geladeira para produzir doces e vendê-los. Na estória, a neta oferece o dinheiro de seu cofrinho para ajudar a avó.Outro livro recomendado por Modernell é o O homem mais rico da cidade (Mais Ativos), de Jonas Ribeiro, que conta a história de dois homens que entram em uma disputa para saber quem é o mais rico. O livro mostra que existem riquezas mais importantes do que as materiais.Para Domingos, autor dos livros das séries O Menino e o Dinheiro (DSOP), e O Menino do Dinheiro (DSOP), mais importante do que comprar livros, é lê-los para os filhos. “Por isso, junto com minhas obras vem o suplemento do pai, que dá dicas para tornar a experiência mais enriquecedora. Sugiro que os pais, durante a leitura, estabeleçam relações entre os lugares da estória com a rua onde moram e que comentem suas semelhanças e diferenças”, diz.O importante é que na leitura de um livro, ou na hora de encher cofres, os pais procurem interagir com os filhos. “É essencial que essas ferramentas não sejam utilizadas isoladamente”, conclui Domingos.André Massaro, educador financeiro e consultor, lembra que os pais são exemplos para os filhos. “Não adianta ensinar a poupar e depois gastar desenfreadamente”, completa. Ele explica que a educação financeira para crianças é uma área recente de estudos e, por isso, é feita de experimentos. “Seja qual for o método, não vai fazer mal. O importante é que as experiências para ensinar finanças aos filhos os levem a não associar o dinheiro a coisas chatas. Vale a pena comprar brinquedos com um viés educacional, para ensinar a criança a lidar com os recursos de forma econômica e divertida”, afirma.Moedinhas, notas e muitos sonhosMaria Eduarda, de 8 anos, ainda não decidiu o que quer ganhar no Dia das Crianças, mas tem uma certeza: se encher seus dois cofrinhos poderá comprar as bonecas que gosta. Todos os dias ela espera moedas dos pais, o troco das pequenas despesas, para poupar. “Já comprei patinete e uma casa de boneca. Fiquei muito feliz”, conta.A prática começou bem cedo, quando Maria Eduarda tinha apenas quatro anos de idade. Com o tempo, aprendeu a esperar para guardar mais dinheiro e comprar brinquedos de maior valor. “Ela prefere encher o cofrinho para comprar algo melhor”, conta a mãe, a economiária Maristela Zanetti, de 44 anos.Quando o cofrinho enche, Maristela o abre na loja, junto com a filha, para comprar algo que a menina deseja. “Muitas vezes o valor do item que ela quer é maior do que o montante que ela guardou, mas eu completo. O importante é que ela aprendeu a poupar e esperar. Não faço isso para que ela seja rica no futuro, mas para que aprenda a lidar com dinheiro. Não quero que ela tenha problemas financeiros quando crescer”, diz a mãe.Com essa preocupação, a estratégia de Maristela foi presentear a filha com um cofrinho temático. “Percebi que ela adorava as Princesas e comprei um com este tema. Hoje ela tem dois, um para moedas e outro para notas, onde guarda a mesada de R$ 10”, diz.A mãe conta que um complemento para ensinar à filha noções sobre a importância de guardar dinheiro para realizar sonhos foi a utilização de livros de estórias infantis que abordam o tema. Além disso, Maria Eduarda também tem aulas de educação financeira na escola que frequenta, em Brasília. “Os livros ajudaram muito. Mas acho que o que mais pesou é que já valorizávamos a educação financeira. O hábito de economizar para ter as coisas já era algo da nossa família”, completa Maristela.Fonte:comercio.com.br/index.php/economia/sub-menu-caixa/116318-criancas-educacao-financeira-e-presente-para-a-vida-inteira

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