Geração endividada

04/03/2022

A juventude é público-alvo da maior parte do marketing publicitário no mundo. Milhares de jovens são bombardeados, diariamente, por mensagens com apelos consumistas, na maioria das vezes em contraste com a realidade econômica deles. É difícil manter o equilíbrio das contas quando o dinheiro que se tem não é suficiente para o que se deseja […]


A juventude é público-alvo da maior parte do marketing publicitário no mundo. Milhares de jovens são bombardeados, diariamente, por mensagens com apelos consumistas, na maioria das vezes em contraste com a realidade econômica deles. É difícil manter o equilíbrio das contas quando o dinheiro que se tem não é suficiente para o que se deseja comprar.Fernanda Ziza de Lima, de 18 anos, sabe bem o que é isso. Não conseguia resistir às tentações das vitrines: roupas, acessórios, presentes, gastava muito mais do que o salário que recebia como auxiliar de departamento pessoal. E se o bolso estava vazio, o cartão de crédito entrava em cena e só quando a fatura chegava é que se dava conta de que havia gasto demais. Resultado: perdeu o controle das suas finanças e, apesar da pouca idade, quase teve o nome incluso no Cadastro de Proteção ao Crédito (SPC). “Não tinha muita noção do que gastava, fiquei desempregada e ai virou uma bola de neve”, conta. Foi assim que Fernanda entrou para as estatísticas de jovens endividados no Brasil, número que vem aumentando a cada dia.As inúmeras opções de crédito oferecidas pelos bancos incentivam os jovens a tornarem mais comum o hábito de comprar primeiro e pagar depois. Segundo pesquisa da Credicard Itaú, 20% dos cartões de crédito do Brasil estão nas mãos de jovens de 18 a 29 anos. Muitos se veem em apuros na hora de pagar as contas: mais de 43% dos endividados têm até 30 anos de idade e, de acordo com a Telecheques, esse público representa também quase metade das assinaturas de cheques sem fundo no País.Para o educador e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos, a facilidade de crédito associado ao marketing publicitário compõe um cenário perigoso para os jovens. “Isso faz com que as pessoas comprem coisas que não querem com dinheiro que não possuem”, afirma. Soma-se a isso a inexperiência no trato com o dinheiro e a falta de educação financeira tanto em casa, quanto na escola. “A família é fundamental, ela é o principal exemplo que o jovem irá seguir, além disso, é importante também a inclusão da educação financeira na proposta educacional das escolas”, defende Domingos. Segundo o especialista em finanças Gustavo Cerbasi, o consumo impulsivo é também uma das principais razões para o endividamento dos mais jovens. Para ele, é uma questão de conscientização: “Um jovem só entra no vermelho se quiser, uma vez que pode fazer escolhas sobre um orçamento que é só seu”, afirma.Planejar é o caminhoPara Cerbasi o segredo é planejar, “colocar tudo na ponta do lápis ao menos uma vez por mês e pensar dez vezes antes de parcelar qualquer compra – afinal, é aí que começa o problema”. Comprar tudo à vista é uma saída. Isso evita a tentação do crédito, e o jovem só gasta o dinheiro que, realmente, tiver no bolso.Mas essas dicas não servem somente para os jovens. Os adultos também costumam exagerar nas compras. Gastar bem e com consciência é uma lição que também se aprende em casa. Autor do livro Filhos Inteligentes Enriquecem Sozinhos (editora Gente), Cerbasi também chama a atenção para a importância da família na construção de uma consciência financeira para os jovens. “Na verdade, todo o mau exemplo costuma vir dos pais, que também não sabem lidar com o dinheiro”.Para ele, quando os pais forem um bom modelo, a “cultura de equilíbrio financeiro será passada de geração em geração, naturalmente”.Fernanda aprendeu a lição. Precisou do socorro dos pais para negociar a dívida que hoje está em cerca de 4 mil reais, dividida em parcelas que comprometem mais de 50% do seu salário atual. Agora mais cautelosa com as contas e mais consciente, não quer nem saber de gastos desnecessários. “Aprendi a me controlar, penso antes de comprar e só compro se eu realmente precisar”, conclui ela, que não faz bem só para o seu bolso.Consumir com responsabilidade também é fundamental para o planeta. Aliás, ele já tem dado muitos sinais que não suporta mais a ação predatória do homem, que sustenta o atual padrão de consumo. Por isso, antes de comprar algo, a crédito ou não, vale se perguntar: “Preciso mesmo de tanta coisa? Será que não é possível adotar um modelo de vida mais simples, consciente esustentável?” Fernanda, e muitos outros mundo afora, estão provando que sim. O planeta agradece.CUIDE BEM DO SEU DINHEIRO“Ganhei o primeiro salário do meu primeiro emprego! Vou comprar um monte de coisas e fazer uma balada muito legal!” Esse é o pensamento da maioria dos jovens logo que recebem pela primeira vez o seu salário. Contudo, apesar dessa ideia parecer muito boa, ela traz grandes problemas para o jovem.A Vira conversou com o educador e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos, autor dos livros Terapia Financeira e O Menino do Dinheiro, ambos da editora Gente, e separou uma série de dicas pra você cuidar melhor do seu dinheiro:- Antes de começar qualquer controle financeiro, o jovem deve ter noção de sua situação atual e estabelecer as metas que deseja alcançar (fazer um curso, uma viagem, comprar algo etc).- A partir disso, deve iniciar um controle diário de todos os gastos. É importante que sejam inclusos até mesmo os gastos que consideram irrelevantes, como cinema, um suco ou um salgado antes da aula. São nessas pequenas ações que ocorre o desequilíbrio financeiro.- Outro alerta muito importante é a necessidade de evitar gastos desnecessários. A questão não é se privar de prazeres como festas, cinema, passeios e sim de controlá-los.- Nunca compre por impulso. Sempre pense: posso deixar esse desejo para depois? Se não for relevante, não faça. Se for, o jovem deve sempre realizar uma pesquisa de preços e negociar para abaixá-los o máximo possível.Fonte: http://www.inclusive.org.br/?p=14901Visite a Loja Virtual do Instituto DiSOP de Educação Financeira

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