Inflação volta com força

04/03/2022

inflação real sempre existirá e será diferente da oficial, ela está relacionada aos produtos que realmente adquirimos


Veja orientações para se adequar

Por: Reinaldo Domingos

Em situação de alerta, a inflação voltou e a situação pode se agravar muito ainda nos próximos meses. Dados de previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), já consideram que o país vai fechar em 8,45% neste ano. Esse dado está no último Boletim Focus e a estimativa é que continue a elevação.

Contudo, para quem frequenta qualquer supermercado, feira ou varejão sabe que a situação é muito mais preocupante, e quem vai a um posto de gasolina então, é fácil constatar em que esse aumento não representa a realidade no bolso dos brasileiros, que tem sofrido muito mais com a inflação real, que é outra em relação à inflação oficial. 

Se o índice do governo assusta, o índice do bolso da população desespera, pois o principal vilão das finanças da população é a inflação real. Ela causa a perda do poder aquisitivo do dinheiro. Mesmo os poupadores perdem dinheiro com o vilão da inflação verdadeira. Praticamente nenhuma aplicação consegue repor a perda desse valor.

A inflação real sempre existirá e será diferente da oficial, ela está relacionada aos produtos que realmente adquirimos e nas contas que realmente pagamos, sendo que na definição da inflação oficial são utilizados outros fatores. O que precisamos fazer é ficar atentos com o dinheiro que se ganha e, principalmente, como se gasta.

Digo isso por ter claro que o impacto da alta dos preços para a população é muito maior do que os números oficiais apontam. E para que uma família tenha essa certeza disso é muito simples, basta fazer uma comparação de seus gastos cotidianos de três anos para cá.

Quanto era possível comprar antes com uma simples nota de R$ 100,00 e quanto é possível comprar agora? A resposta o próprio Governo Federal deu, com o lançamento de uma nova nota de R$ 200,00. Em uma análise simples se observa que foram muitos os produtos de consumo básico que subiram muito acima da inflação, exemplos recentes foram arroz e o óleo de cozinha.

Por isso, antes de tomar qualquer decisão com base no índice oficial de inflação é preciso uma análise aprofundada dos gastos. Isso pode ser realizado por meio de um apontamento de despesas ou uma planilha, no qual se anota todos os gastos diários por itens. Recomendo como ideal fazer isso apenas um mês durante o ano se tiver renda fixa e até três vezes se for variável.

Esse cuidado é importante para que perceba aonde vão todos os valores e também o que está apresentando um efetivo aumento no decorrer dos anos. Por fim, haverá o benefício de eliminar gastos desnecessários que minimizam a capacidade de poupar e realizar sonhos.

Ao perceber o real impacto da inflação em sua vida, o consumidor poderá também observar que o aumento de seu salário não arcará com o aumento do custo de vida, não responderem mesmo as perdas inflacionárias oficiais, sendo necessário repensar o consumo.

Já em relação ao aumento dos alimentos, a única orientação possível é realizar uma melhor pesquisa de preço e que repense seu cardápio diário constantemente, pensando em produtos que possam se adequar a uma refeição saudável e mais barata. Acredite, é possível, mas demanda um pouco de tempo, pesquisa e criatividade. 

Veja mais algumas orientações sobre o tema:

  1. Sempre poupe: é fundamental guardar uma quantidade de dinheiro todos os meses, mesmo que seja pequena. O importante é criar o hábito de guardar dinheiro. O segredo para isso é que não se deve guardar o que sobra do mês, pois dessa forma dificilmente irá sobrar. Recomendo que separe o valor desejado assim que você receber o salário, evitando com que a quantia faça parte das contas do mês.
  2. Reveja os gastos: reveja as contas dos meses passados e identifique quais foram os maiores gastos e veja o que pode reduzir. Mas, o mais importante é identificar todos as contas, os pequenos gastos são os mais importantes para manter um orçamento saudável, pois é onde as pessoas costumam se descontrolar na economia. Os gastos em excesso de uma família podem chegar a 30%.
  3. Reserva estratégica: mantenha sempre valores guardados para gastos extras e ‘emergenciais’, procure ter guardados mais que seis meses da renda atual. Se for possível, estenda o valor para até 12 meses de salário.
  4. Pense na aposentadoria: aumente suas contribuições para uma futura aposentadoria, para garantir que você tenha uma boa quantia quando precisar. Recomendo analisar o quanto se ganha e por quanto tempo se pretende manter o padrão de vida atual para escolher o melhor caminho para poupar.
  5. Descontos sempre: Um dos maiores investimentos que a pessoa pode fazer é conseguir descontos, assim deixa a vergonha de lado e sempre que puder tente reduzir os preços que pagará de um produto ou serviço.
  6. Tenha sonhos: O grande caminho para melhorias nas finanças é traçar objetivos e ter sonhos. Com base nisso é muito mais fácil controlar o dinheiro, podendo dar foco nos objetivos que devem ser mais de um, pensando em curto, médio e longo prazo.

Reinaldo Domingos está à frente do canal Dinheiro à Vista. É PhD em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira. Autor de diversos livros sobre o tema, como o best-seller Terapia Financeira .

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