Pesquisa aponta que consumismo é causa de 75% da inadimplência

04/03/2022

Tour em lojas é diversão. Sacolas cheias deixam o passeio melhor ainda. Na hora de pagar, coloca no cheque, no cartão e, de preferência, parcela tudo a perder de vista. Se a sensação de encher sacolas é de prazer, o mesmo não ocorre ao constatar que as contas extrapolam o orçamento. Esse tipo de comportamento tem nome e se chama descontrole financeiro.


Tour em lojas é diversão. Sacolas cheias deixam o passeio melhor ainda. Na hora de pagar, coloca no cheque, no cartão e, de preferência, parcela tudo a perder de vista. Se a sensação de encher sacolas é de prazer, o mesmo não ocorre ao constatar que as contas extrapolam o orçamento. Esse tipo de comportamento tem nome e se chama descontrole financeiro.É a causa apontada como responsável por 74,65% da inadimplência dos consumidores em pesquisa realizada em todo o país pelo Telecheque-empresa nacional especializada em concessão de crédito – no terceiro bimestre do ano.O estudo mostra ainda que há um público mais vulnerável a essa tentação. As mulheres respondem por um índice de endividamento de 55,9%. Na vice-liderança do calote estão ainda pessoas com idade acima de 51 anos. “Além de comprometer parte do orçamento com despesas domésticas, as mulheres acabam se endividando com os supérfluos. Elas adquirem bens acima da sua capacidade de endividamento”, explica o diretor regional Nordeste da Telecheque, Ricardo Régis.Somadas à maravilhosa sensação de colocar em prática o verbo comprar, há ainda outras facilidades que tornam o consumo ainda mais sedutor. “O cheque especial e o limite do cartão de crédito são facilitadores. A pessoa gasta sem saber como irá pagar”, explica o educador financeiro Reinaldo Domingos, autor do livro Terapia financeira.IntervençãoFoi justamente isso que aconteceu com a administradora Lara Rocha, 34 anos. Ela sempre teve compulsão por compras, principalmente quando se trata de roupas, bolsas e sapatos. “Quando vou a uma loja, nunca levo só uma peça, são várias e, geralmente, caras”, assume.Porém a dimensão do prejuízo que esse tipo de comportamento estava causando em sua vida só chegou há cerca de quatro meses, quando percebeu que havia extrapolado o limite de quatro cartões de crédito. A situação chegou a um ponto que foi preciso a família fazer uma intervenção. “Meu pai, minha mãe e meu marido tomaram meus cartões de crédito. Quando comprava, nem pensava no que teria que pagar. Só quando chegava a bomba é que tinha noção do prejuízo. Pagava o mínimo e a dívida ia acumulando”, conta Lara, acrescentando que ultimamente está mais comedida, porém não deixou de comprar.Os quatro cartões de crédito, todos com limite acima de R$ 1,5 mil, tiveram a situação regularizada pela família. Depois disso, Lara Rocha conseguiu resgatar um deles e hoje diz que vive na linha de fogo na tentativa de se controlar. “Sempre fui consumista, agora tento me policiar. Não só pelo que meu pai e minha mãe fizeram, mas também porque estou grávida do segundo filho e será mais uma pessoa que vai depender de mim”, diz.Assim como a administradora Lara Rocha, a maioria das mulheres tem como vilão do endividamento o segmento de vestuário, que divide espaço com os aparelhos celulares.ConsumismoNo caso do público na faixa etária acima dos 51 anos, as causas da inadimplência podem ser diversas. De acordo com o diretor regional Nordeste da Telecheque, diante da crise que assola o país, o nível de desemprego elevado faz com que esse público se endivide para quitar despesas de filhos e parentes.O educador financeiro Reinaldo Domingos aponta ainda outro motivo para o calote dessa faixa etária. Ele coloca o fator psicológico como o responsável pelo descontrole financeiro dos maiores de 51 anos. “Eles querem fazer aquilo que não fizeram até os 50, achando que a vida parou ali. Aliado a isso, entra o marketing publicitário, que nos faz comprar aquilo com que não sonhamos, e o crédito fácil, principalmente o consignado dos aposentados”, explica.As tentações estão por toda parte, portanto a melhor pedida é o autocontrole. Para isso, os especialistas dão dicas que podem ajudar a reduzir e a sair do vermelho.SE LIGUEPense: Não compre por impulso e pesquise. Cuidado com as promoções, pois nem sempre elas são tão vantajosas quanto parecem.Planeje: Programe o pagamento das contas para a data que receber o salário, evitando atrasar contas e pagar juros desnecessários.Pondere: Use o cartão com moderação e tente pagar a fatura integralmente.Esqueça: Cheque especial só em último caso. É um grave erro incorporar o limite do cheque ao orçamento familiar. Esse é um dinheiro muito caro. Caso precise de um empréstimo, há taxas melhores no mercado.Pague: Não parcele a longo prazo. Evite dividir acima de cinco vezes. Quanto maior o prazo, mais sujeita às intempéries da vida a pessoa vai estar.Analise: Faça um diagnóstico financeiro e saiba para onde está indo cada centavo que você gasta. Com essa informação, vai poder traçar e priorizar os objetivos e reservar dinheiro para sair do endividamento.Fonte: http://correio24horas.globo.com/noticias/noticia.asp?codigo=32430&mdl=48

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